sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Farinha-de-pau de peru [desde os 7 meses]


Para a farinha-de-pau "normal" é feito um refogado a gosto, ao qual se junta a farinha de mandioca com um caldo previamente preparado (normalmente de peixe), onde esta coze. Ora, refogado para um bebé de 7 meses estava fora de questão para mim. Por isso, tive que reinventar um pouco o que me explicaram que era a base da farinha-de-pau, para a farinha-de-pau que eu queria dar à minha filha. Portanto, foquei-me no caldo. Preparar um bom caldo, saboroso e cheio de legumes, seria a base da minha farinha-de-pau. Resulta tão bem, que às vezes duvido se deveria fazer farinha-de-pau da forma convencional para nós.

Farinha de pau de peru [desde os 7 meses]
(para 3-4 doses)





1 dente de alho
1/2 cebola pequena
1 chuchu médio
1 taça de abóbora aos pedaços
3-4 folhas de couve-coração
80-90gr de carne de peru

1-2 colher de sopa rasas de farinha de mandioca (para uma dose)
1 colher de chá de azeite extra-virgem (para uma dose)

Cozer os legumes aos pedaços com a carne por 20-25 minutos, com água a cobrir os legumes. Pretende-se um caldo bem concentrado de sabores. Por recomendação da nossa pediatra, só faço o farinha-de-pau para o próprio dia, mas faço o caldo para 3 dias, e guardo-o em recipientes individuais. Assim, nos dias seguintes aqueço aquela porção de caldo e junto o ingrediente (arroz, massa ou pão) que quiser para o prato. Com este processo, também vario as refeições, sem ter que preparar e cozer legumes e carne/peixe todos os dias. 

Com o caldo a ferver, dissolve-se a farinha de mandioca numa taça com água fria sempre a mexer. Pretende-se uma papa a tender para o líquida para juntar ao caldo. Quanto mais espessa for a mistura de farinha de mandioca e água, maior a probabilidade de da farinha-de-pau ficar com grumos. Assim que juntar a farinha de mandioca dissolvida em água ao caldo, mexer rapidamente, levantar fervura e deixar cozinhar em lume brando por 7-10 minutos, mexendo ocasionalmente. Se engrossar muito rapidamente, juntar mais água, para que não queime. 

Assim que esteja cozido, retirar do lume. Para bebés muito pequeninos, passar a farinha-de-pau com a varinha-mágica. Em bebés mais crescidos, pode-se apenas desfiar a carne, e servir com os legumes aos pedaços para que mastiguem. Juntar o azeite de servir. 




As pequenas cá de casa adoram! Com tantos legumes e sabor, nem se sente a falta de temperos. Eu também gosto, só é pena nunca sobrar nada para mim!! 





*Relembro mais uma vez que as indicações que descrevo na receita, são aquelas que nos foram dadas. Recomendo aos leitores que em caso de dúvida em relação à receita, que sigam sempre as instruções e recomendações do médico ou profissional de saúde assistente

Farinha-de-pau


Não sou certamente a pessoa indicada para vos dizer se farinha-de-pau se escreve com hífens,  ou sem hífens,  e distinguir farinha-de-pau de farinha de mandioca. Vou apenas partilhar o pouco que sei e que aprendi nos últimos dois anos e meio que cozinho esta pequena iguaria.

Ouvi falar pela primeira vez em farinha-de-pau, com um pediatra que consultámos na altura da introdução da alimentação complementar da L. Tinha ela perto de 6 meses, estávamos com dúvidas, e queríamos mais informações para cruzar com aquelas que a nossa pediatra assistente vinha a dar. Ora, a dada altura, o senhor pediatra fala em açordas, legumes cozidos esmagados e farinha-de-pau, lá para os 7 meses. Acenei com a cabeça como se soubesse do que ele falava, desde pequenina... (not). Cheguei ao carro e perguntei ao meu marido o que era "farinha-de-pau". Olhou para mim, com o ar mais escandalizado que lhe conheço - até parecia que lhe tinha perguntado quem era o Cristiano Ronaldo -, e disse "Não sabes o que é?!? Coitadinha, não tiveste infância...". Ainda hoje me lembro destas palavras! Não me soube esclarecer. Que era comida já eu tinha percebido há 30 minutos desde que o médico tinha falado. Consultei ao Tio Google, mas nada do que encontrava me agradava, ou me parecia plausível de dar a um bebé de 7 meses (fritos, refogados, pimentos e tomatadas...). E a quem recorremos quando o Tio Google não é esclarecedor? À minha mãe, que tudo sabe. "Sei lá! Nunca ouvi tal coisa...". Bolas, também não foi grande ajuda... 

Comecei a querer esquecer aquele tema. Afinal de contas, tinha sido falado por um pediatra que nem era o nosso! Pois bem, apenas alguns dias depois, na consulta de rotina com a nossa pediatra, volto a ouvir aquelas palavras "farinha-de-pau"... "lá para os 7 meses". Confessei, na maior da minha ingenuidade e humildade, que não sabia o que era. E recebi quase a mesma resposta que o meu marido me deu dias antes "Mas o que lhe dava então a sua mãe, quando você era pequenina?". Pois... farinha-de-pau é que não era. Pedi que me explicasse como fazer, ao que ela responde "Não sou grande ajuda, porque nunca me sai bem!". Comecei a perceber que aquilo era coisa aqui do norte, ou pelo menos da invicta, e ora bem, eu não sou de cá! Estou cá emprestada. Em conversa com algumas pessoas de cá, com a minha sogra sobretudo, lá arranjei uma forma de confeccionar a dita farinha-de-pau para minha L. Foi amor à primeira colherada, ainda hoje adora, e ainda hoje lá me pede farinha-de-pau, que faço para nós adultos também. 

Ora, deixamo-nos de histórias e passamos a coisas importantes. O ingrediente principal da farinha-de-pau é a farinha de mandioca. É um produto tipicamente brasileiro, e a base de alimentação de muitas tribos indígenas no Brasil. A forma mais popular que conhecemos cá em Portugal - ou pelo menos a que eu conhecia - é a farofa, que consiste na farinha de mandioca frita (espero não estar a dizer uma asneira muito grande), e é encontrada em todos os restaurantes de comida brasileira. Como a farinha é feita à base de raiz de mandioca, não contém gluten, indicada para pessoas com doença celíaca. É muito rica em hidratos de carbono e fibras. Cozinhada sozinha, é um bom substituto de arroz, massa, ou batata; e cozinhada com carne ou peixe e legumes, é uma prato completo. É muito versátil e pode-se fazer as combinações de ingredientes que se desejar. 

Já agora, eu chamo farinha-de-pau, à dita cozinhada, e farinha de mandioca ao ingrediente, mas há quem chama coisas diferentes.

* foto daqui



quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Sopa de feijão verde [desde os 6 meses e meio]

A recomendação da nossa pediatra é que o jantar seja a sopa de legumes - aqui em casa é mais puré mesmo, chamar aquilo de sopa, seria o mesmo que chamar leite achocolatado a uma mouse de chocolate, adiante - que deve ser feita com 4 ou 5 legumes, para haver uma maior variação de ingrediente, e de sabores, de sopa para sopa. 

Em bem verdade, gostaria de colocar as receitas com uma bonita fotografia ilustrativa do exemplar culinário, mas hoje só me lembrei disso já a dita sopa estava na barriga da T. Portanto, sem foto, mas com receita, aqui segue:

Sopa de feijão verde [desde os 6 meses e meio]
(para 3-4 doses)

3 batatas médias ou duas grandes
1 alho francês
1 cenoura grande
6-8 vargens de feijão verde
1 colher de chá de azeite extra-virgem

Cozer os 4 legumes juntos por 20-25 minutos, passar com a varinha-mágica. Colocar a colher de azeite na hora de servir.


Claro que as mamãs que têm os robots de cozinha especiais-de-corrida (eu tenho, cof!) fazem isto tudo no dito robot. Eu, por exemplo, costumo fazer as doses do almoço e do jantar ao mesmo tempo, pondo os legumes do puré para o jantar na varoma, e os legumes do almoço com carne ou peixe no copo. Fica a ideia. 

Relembro mais uma vez que as indicações que descrevo na receita, são aquelas que nos foram dadas. Recomendo aos leitores que em caso de dúvida em relação à receita, que sigam sempre as instruções e recomendações do médico ou profissional de saúde assistente

Baby Led-What?



Baby Led Weaning! Ou BLW na gíria das mamãs modernaças.

Ouvi pela primeira vez esta expressão da boca da nossa pediatra (quem diria?). Estávamos na consulta dos 6 meses da minha filha mais velha, a pediatra escrevia as suas recomendações na introdução de alimentos para os meses seguintes, e ali por volta dos 8 meses escreveu esta bonita expressão "baby led weaning". Explicou-me resumidamente que passaria por introduzir a comida à bebé tal como ela é sem varinhas-mágicas à mistura. Legumes cozidos em pauzinhos, fruta crua madura em pedaços, colocar no tabuleiro e deixar explorar. Tudo isto me pareceu bizarro e resolvi investigar. Como primeira abordagem encontrei um vídeo de uma bebé de 6 meses a comer uma perna de frango à dentada. Fiquei assustada! Para não falar que toda a gente que me rodeava achava aquilo uma grande parvoíce.

Mas não baixei os braços, e investiguei um pouco mais. Percebi o conceito e apliquei. 

Lembro-me bem da primeira vez que fiz BLW à L. (a minha filha mais velha). Tinha mais ou menos 9 ou 10 meses. Depois do seu creme de legumes ao jantar, coloquei brócolos e cenoura cozida aos palitos. Foi um sucesso, como tão pequenina percebeu para o que serviam aquelas "coisas". Com a T. (a minha filha mais nova) fui um pouco mais arisca e aos 5 meses teve direito a um palito de maçã para esfregar as gengivas. O seu primeiro verdadeiro BLW aconteceu muito mais tarde, e acreditem que há motivo forte para ser conhecida por "traga-bolas". Hoje em dia com 10 meses torce o nariz à sopa, e tenta mastigar - de vez em quanto lá vai com alguns pedaços para consolar aquelas gengivas desdentadas - mas sorri alegremente quando lhe passo comida sólida para a mão.

Não sou uma "praticante" acérrima do BLW, porque também vejo vantagens nos cremes e purés, e no uso da colher. Mas louvo quem consegue fazer uma introdução da alimentação complementar nestes moldes. Dizem os entendidos, que bebés que tenham uma apresentação à comida pelo método do BLW, tornam-se adultos mais responsáveis e saudáveis em termos de alimentação (daqui a 20 anos conto como serão as minhas pequenas).

Para mais informações podem consultar sites dedicados ao tema, como:
http://baby-led.com e o http://www.babyledweaning.com

Recomendo também a visita de um blog de uma mãe australiana que se dedica à publicação de receitas exclusivamente neste modelo: http://mylovelylittlelunchbox.com


[EDIT] Edito para acrescentar, que enquanto publiquei este texto, a T. esteve em prática convicta de BLW numa fatia de queijo de brincar. Está um pouco frustrada, mas ainda não desistiu de lhe tirar um pedaço.

*imagem retirada de artigo do The Guardian sobre BLW http://www.theguardian.com/lifeandstyle/2008/nov/05/foodanddrink


O início

Cozinhar sempre foi um gosto, cozinhar para as minhas "bebés" é um gosto ainda maior. Não me limito a alimenta-las, persigo a árdua tarefa de fazer da relação delas com a comida um sucesso. Esse é o meu objectivo. É uma missão diária, e por vezes ingrata.

Tenho duas filhas, a mais velha com quase 3 anos, e a mais nova com 10 recentes meses. Neste momento as suas dietas são um pouco diferentes uma da outra. A mais pequenina está numa fase de iniciação, de introdução de alimentos, exploração de cores, texturas e sabores. A mais velha já tem tudo isto adquirido, mas há algum tempo que está num processo de consciencialização do que ingere, o que é, ao que sabe, porquê, porque tenho de comer, vai fazer bem a quê, faz mal porquê, todas estas e tantas perguntas com que sou bombardeada a todas as refeições. 

Escrevo este blog não só para partilhar as minhas experiências culinárias com as minhas pequenas - e altamente exigentes - críticas gastronómicas, mas também como desafio para continuar a investigar mais, a experimentar mais, a conhecer novos alimentos, e estratégias de implementar bons hábitos de alimentação nestas grandes futuras mulheres.

Não tenho qualquer formação em culinária, só aquela que a minha mãe me deu. Não sou profissional de saúde. Por isso, recomendo aos leitores deste blog que em caso de dúvida em relação a alguma das minhas receitas, que sigam sempre as instruções e recomendações do médico ou profissional de saúde assistente